Cansada, aborrecida, e com a sensação que o que andei a fazer hoje foi apenas pura perda de tempo.
Uma cama, uma almofada e um não me chateis é tudo o que me apetece.
Cansada, aborrecida, e com a sensação que o que andei a fazer hoje foi apenas pura perda de tempo.
Uma cama, uma almofada e um não me chateis é tudo o que me apetece.
O aconchego de uma possibilidade soa sempre melhor que quando não existe nada.
Esperas e desesperos que continuam, mas bateu-se a mais uma porta, fez mais uma tentativa entre tantas, isso aguça o animo por um bocado.
Também é preciso.
Réstias de esperança que o mundo gire mais depressa que o normal e tudo entre nos eixos comuns da terra.
É motivador quando nos vamos inscrever numa pela enésima vez numa superficie comercial e o rapaz que lá está nos diz muito confiante:
- (a olhar para a minha inscrição) Ah está desempregada e vem à procura de trabalho aqui. Eu sai da escola e no dia seguinte estava a trabalhar, nunca soube o que era a boa vida do desemprego. Hum... tou a ver aqui que é licenciada então não conte muito com isto aqui mas pronto.
Eu limitei-me a respirar fundo contar até cinco e virar costas.
Não sirvo para trabalhar na área que estudei ou porque não tenho experiência, ou porque eu moro no distrito X e as pessoas da empresa xpto querem alguém que viva no distrito da xpto (mesmo que sublinhe que me mudo para marte se for preciso), ou porque simplesmente devo ter um problema qualquer e ninguém me quer.
Também não sirvo para estar atrás de um balcão, a servir às mesas, na caixa dum supermercado e sei lá mais o quê porque, aparentemente, ser licenciada é um problema que deixa as pessoa "incapacitadas", aos olhos patronais, de realizar estas tarefas.
Resumindo, sou definitivamente uma nulidade de pessoa que não serve para nada, nem sei que ando aqui a fazer!!!
É o cansaço, a fúria, a inconstância de parecer tudo estagnado enquanto se entra em desespero.
É ver as vidas a deslindarem-se à volta e aqui nesta pele tudo estar confinado como no primeiro batimento em que se tentou. Portas e janelas que se nem aproximam quanto mais abrirem-se, não interessa quanto se corra para elas a bater-lhes.
Não me apetece escrever, não me apetece ver ninguém, não me apetecer ser eu...
Até as paixões que me fazem caem rendidas à inércia que me vai consumindo aos poucos.
Levantar ás 5h30 da manhã quase sem dormir por causa dos malditos nervos que fizeram serão a jogar às cartas com a insónia, estar um frio de rachar, passar por umas horitas de viagem até Guimarães para a apresentação de um trabalho num congresso internacional que podia ter corrido bem melhor, passar um bocado de seca e uns intermeios dispensáveis, viagem de volta...
Estou aborrecida.