O que eu dava por um dia de praia.
Raios como preciso de sol e mar, pareço uma viciada a querer mais uma dose.
O que eu dava por um dia de praia.
Raios como preciso de sol e mar, pareço uma viciada a querer mais uma dose.
A minha parte preferida é ao fim da tarde, quando todos vão embora e o sol deixa tudo com uma cor ainda mais bonita.
Um areal extenso com gente dispersa a perder de vista.
O mar revolto leva os surfistas a remarem mar adentro na busca de um pouco de equilibro e gozo em cima das pranchas.
Deito-me na areia e o corpo dele molda-se junto ao meu, num encaixe quase perfeito. Coloco o meu braço por cima dele e fico assim, numa alternância de o olhar em meus braços e ver o mar cor de prata.
Ficamos assim muito tempo. Onde o tempo pareceu parar e não era preciso mais nada.
Porque por vezes basta estes momentos, sem exigir nada em troca.
Quem nos visse desde que chegamos até partir diria que uma relação de amor nos unia. Mas não une, um dia se o mundo girar ao contrário talvez o destino mude de rumo e quem sabe o coração de ambos se consiga contrair o suficiente para bater ao mesmo ritmo.
Estaciono perto do mar.
É manhã ainda cedo.
Olho o oceano calmo embatendo em leve espuma branca contra o extenso areal num contraste de azul celeste, azul mar e uma areia grossa palmilhada a gaivotas que se movimentam num compasso sereno.
Deixo para trás o cenário e embrenho-me por ruas e ruelas na esperança de me perder nas suas semelhanças.
Desembarco no mercado e delicio-me com a panóplia de cores, sons e cheiros que ao domingo de manhã parecem pavimentar a vida e azáfama aquele pedaço de espaço onde entra o sol nas fartas janelas altas.
Mulheres vestidas a preceito ensaiam vozes e chamariz para cada uma das suas bancas. Dirigem-se investidas a sorrisos e poses ostentosas de tudo o que têm para oferecer e nos entra pelos olhos, narinas e coração.
Retribuo o sorriso e caminho errante por entre a degustação dos sentidos. Estou leve.
E tão silenciosamente como entrei naquele mundo saio para o devaneio novamente de rua em rua até seguir o cheiro a café e pão quente. Entro na pequena pastelaria e viajo ao gosto do sabor alimentando o corpo que me pede. Parto sem olhar para trás e caminho sem dar conta rumo à praia deserta que me prende a atenção.
De pés nus enterro-os na areia e rodopio de olhos bem fechados e braços abertos naquele pedaço de céu. Vivo ali. Respiro o sal que a brisa trás e embriago-me na doçura da maresia. Hoje estou para mim, e a felicidade constrói-se grão a grão numa ampulheta do tempo.