Uma clareza idónea que faz mal.
Uma certeza plena que dói.
Um conhecimento premonitório que dilacera.
Uma vontade cega de mandar tudo isso à merda e fazer mesmo assim.
Uma clareza idónea que faz mal.
Uma certeza plena que dói.
Um conhecimento premonitório que dilacera.
Uma vontade cega de mandar tudo isso à merda e fazer mesmo assim.
Conduzo naquela estrada estreita que escorre e se perde qual rio por entre a serra densa de árvores.
É noite de luar. Uma lua farta que ilumina tudo como uma luz de presença a criar sombras tenebrosas.
Piso o acelerador até não poder mais, não sou mais eu mas um vazio de movimentos mecânicos.
Sinto o carro fugir, descontrolado, numa curva demasiado apertada e assim me deixo ir a deslisar estrada fora em contramão até quase cair no precipício fundo lá em baixo, ficando imóvel parada a olhá-lo de frente. Inspiro e expiro como se a dor fosse feita de ferro e acelero veloz uma vez mais. Perdi-me algures do meu corpo. Há partes das quais não se sabe abrir mão.
E quando nos sentimos afundar aos poucos lá fora ninguém sabe. É o som de perder o que nunca se encontrou.
Já houve inconformidade antes, mas como se não bastasse mais um abanão a ver o que acontece.
Ninguém tem o direito de pôr nos ombros de alguém a responsabilidade de casar ou não, com um simples sim de outra pessoa que nunca sentiu mais que amizade e sempre o frizou.
Mais, ainda, dói aceitar que passado tanto tempo diga num acesso de loucura extrema que quer trair a mulher e coloque de novo a pessoa em cheque. Nada mudou desde aquele não redondo. Nada se alterou no que quer que se diga, sinta ou pense.
É preciso virar costas e esquecer o que não passou mesmo de um acto irreflectido.
Às vezes é preciso repensar amizades, não pelo que se tem definido, mas pelo que os outros não conseguem definir.
Se um dia destes me encontrarem escancarada num chão qualquer, já sabem o que aconteceu.
Deêm-me um abanão daqueles bem fortes, que com alguma sorte a terra volta a girar no seu eixo normal e eu volto a girar com ela até que me apareça outro patético e desengonçado par de asas.
Porque cada vez o futebol me deixa mais de coração nas mãos.
Da outra vez foi a cabeça partida. Desta vez ficou com um dente fora do sitio, outro dente partido, pontos no lábio, nas gengivas, nem vale a pena a descrição...
Raios parta o futebol, um dia destes o meu irmão mata-se em campo e eu depois mato-o eu por fazer isto!