As pessoas são seres demasiado complexos para qualquer entendimento próprio quanto mais para quem os rodeia. Somos atingidos por jeitos e gestos que nem sabemos digerir. São uma seta lançada ao peito que não sabe entender.
Assombrados por uma dor que não conseguimos exprimir ou tão pouco uma raiva que não sabemos conter. Gritos de fúria e mágoa que amordaçamos à razão de nem saber o que sentir.
O outro lado da pele quando somos pequenos demais para caber cá dentro e a voz se nos estrangula num nó que não se pode desatar. Quando se desencadeia em alguém um incómodo perturbante de partilhar o mesmo espaço que nós, onde não nos vê, não nos fala e não nos sente, a pergunta surge. Qual a veemente diferença de falar frente a frente ou por um raio de uma tecnologia quando quilómetros de distancia são a regra?
Provavelmente só servimos para favores longe da vista do mundo. E ainda eu me humilho assim a tentar conservar uma amizade. Como tenho raiva de mim mesma às vezes.