
Acordo às 6h da manhã para antes das 7h já estar de mãos no volante estrada fora.
Vejo o dia nascer tímido pelo parabrisas e suspiro no pára-arranca em que se tornaram os meus começos de dia.
Ligo o calor no carro porque o frio surgiu do nada mal chegou o Outono e páro a mais um sinal vermelho. Há dias que o nosso dia começa assim, a vermelho.
Passo ao largo da cidade e olho o rio que se estende por momentos a meu lado como que percorrendo o traçado paralelo. Deixo a cidade com a mesma velocidade com que cheguei e rodeada de tanto ou mais engarrafamento com que cheguei a ela.
O caminho não cessa. É mais longe, muito mais e ainda me soa a cedo no corpo.
Camiões, carros de cilindrada e sem ela, motos e quantos outros, todos passam na mesma estrada, todos tomam o mesmo rumo por momentos até qualquer bifurcação aparecer para dividir as histórias de vida que se desenham trilho fora.
O rádio faz a companhia e tudo o resto é desnecessário.
Uma placa indica o caminho nos confins do conhecido e é para lá que me dirijo.
Mais uns quantos semáforos e estaciono rápida num daqueles lugares sempre vazios. Olho uma última vez para o relógio e saio do carro para aquele café aconchegante e cheio de gente com cheirinho a manhã de café e pão quente. Ainda tenho uns minutos.
Bebico num sorver lento o café e como qualquer coisa. Há muito que já dirigi a caneca de leite com café que bebi a correr ao sair de casa. Sigo de novo e dirijo-me a passos para o trabalho. Entro timida de sorriso na cara como todas as manhãs num distribuir de "Bom dia".
Sento-me e prepraro-me para trabalhar aguardando indicações de quem ainda não chegou.
Por agora as aulas ficam reduzidas a um dia por semana e nos restantes quatro mergulho no mercado de trabalho à experiência.
Faço 150 km por dia e venho a casa dormir um par de horas.
Não podia crescer de outra forma.