
Há beijos que desprezamos com a mesma fúria e nojo com que negamos veemente certa comida que em crianças nos forçavam a comer.
Mas há outros beijos que nos saciam a sofreguidão da alma. Uns que nos alimentam a sede de querer e outros tantos que despertam o mais luminoso sorriso no mais sisudo dos semblantes.
E depois há aqueles que nos são roubados num instante incerto e nos atiram para uma cómica dúvida entre o sonho acordado e sonho sonhado nas noites mal dormidas. São estes que nos abrem os sentidos há loucura de um prazer reduzido á simplicidade de um tocar de lábios.
Contudo, é no mais ínfimo dos nossos segredos que escondemos, traquinas, para nós mesmos, aqueles dados de coração na dura inocência e que nos prendem na imensidão de um desejo passado, presente e futuro algures suspensos nas entrelinhas de uma vida.